futuro do trabalho pode ser baseado em tendências e pesquisas, mas ainda assim é algo incerto. 

O momento de pandemia em que estamos vivendo é um bom exemplo disso. Ninguém foi capaz de prever um vírus que pararia o mundo, tampouco as mudanças no regime de trabalho em decorrência dele, nada plausíveis há um ano.

A crise do Coronavírus escancarou realidades complexas – como a de uma grande concentração de pessoas por um metro quadrado extremamente caro nas grandes metrópoles, levando, por exemplo, a XP Investimentos a apresentar a ideia de uma sede no interior – e, também propôs alternativas para um maior equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, se é que essas duas áreas ainda podem ser consideradas coisas separadas. 

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Figura I. XP anuncia planos de mudança de sede para o interior. Fonte: VEJA.

Por isso, mais importante do que ditar tendências ou propor novas soluções é pensar em quem vai implementá-las. Os líderes do futuro estão aqui e agora, e já promovem mudanças.

Mais abaixo, um movimento formado por esses jovens será apresentado, de forma que essas tão faladas mudanças possam ser exemplificadas através do funcionamento das empresas que o compõe.  Mas antes disso, vamos conhecer quem são e o que pensam.

A Geração Z

De acordo com o “The Vice Guide to 2030″, 76% dos jovens entrevistados da geração Z disseram que se identificam como ativistas. Existe uma preocupação real no que tange ao agravamento das condições climáticas, disparidade de riqueza e violação aos direitos humanos. No vídeo abaixo, Simon Synek demonstra sua percepção acerca desses jovens:

“Eles são de fato ativistas, não apenas usam #hashtags para manifestar seus descontentamentos. Eles estão chegando num momento complexo, onde veem tensões em seus próprios países, polarizações políticas, coisas que nós mesmos nunca vimos antes e isso está  formando a visão de mundo deles. Eles têm que lidar com isso e estamos vendo o aumento da ansiedade, da depressão e das taxas de suicídio e estamos apenas deixando-os por conta própria. Por que não guiá-los? Por que não orientá-los? Somos responsáveis por eles”

Propósito alinhado

Assim, embora possa parecer utópico nos dias atuais, escolher uma profissão priorizando qualidade de vida em detrimento de grandes realizações profissionais, para a geração nascida entre 1997 e 2012, trabalhar numa organização cujo propósito não compactua com suas perspectivas é inadmissível – já imaginou um vegano trabalhando num açougue? -. Mais do que nunca, esses trabalhadores do futuro estão dispostos a mudar uma realidade que anda em desequilíbrio, e sabem que isso só será possível se partir de uma iniciativa coletiva. 

Importância do coletivo

E é dessa maneira que ocorre, gradativamente, o desmonte da estrutura de lideranças hierárquicas nas organizações empresariais. Para exemplificar, vamos voltar para o ano de 1961, durante a Crise dos Mísseis. O cientista Paul Baran percebeu a necessidade de elaborar um sistema de defesa norte-americano que continuasse funcionando em caso de ataques por parte da URSS. 

Figura II.  Diagrama das Redes de Paul Baran. Fonte: Baran (1964), p. 2. 

Os pontos são os mesmos, mas a forma em que estão conectados é o que muda o resultado das conexões. Assim, uma rede mais conectada promove mais interações e distribui o poder entre os pontos. Na rede de convívio humano, a sustentação dessas conexões envolve o desejo individual de prescindir de velhos paradigmas e considerar novas possibilidades através de múltiplas perspectivas. Em outras palavras, também pode significar libertar-se do ego, de acordo com a visão de Yuval Noah Harari, autor dos best-sellers internacionais “Sapiens: Uma breve história da humanidade” e “Homo Deus: Uma breve história do amanhã” já que, segundo ele, a maior dificuldade dos seres humanos em colaborar é justificada pelo ego. 

O impacto do MEJ

Movimento Empresa Júnior (MEJ), desde 1988, representa um conjunto de empresas sem fins lucrativos e com fins educacionais, formadas exclusivamente por estudantes da graduação. Seus membros são os profissionais que integrarão o mercado de trabalho em um futuro próximo.

Figura III. Encontro de Líderes. Fonte/Reprodução: Instagram.

Fica claro, por essa breve apresentação, como o próprio ato de fazer parte de uma empresa júnior representa uma tendência para o futuro. Os possíveis membros, por livre iniciativa, decidem ingressar em um processo seletivo para uma empresa sem qualquer remuneração financeira. Dessa forma, participar desse tipo de organização significa acreditar no propósito do negócio. 

Para exemplificar, considere a nossa empresa: Espm Jr., especializada em soluções de marketing. Durante um período em que muitas famílias tiveram sua renda mensal diminuída em virtude dos impactos da pandemia sobre determinados setores, alguns jovens optaram por realizar o 1º processo seletivo remoto da história da empresa.

É claro que esses jovens estão em uma posição muito privilegiada, de forma que, para eles, é possível abdicar de uma renda extra para ajudar a família. Mesmo assim, a preocupação em construir um ecossistema empresarial mais empático, ou seja, um coletivo de pessoas que se auxiliam entre si e entendem as necessidades dos outros, leva-os a querer participar do Movimento – principalmente se considerarmos os impactos da Crise do Covid-19 na economia. 

Por isso, é possível dizer que as empresas juniores funcionam como “incubadoras” de talentos. Os seus membros apresentam visões inaugurais, que excedem os benefícios financeiros e que valorizam o círculo intermitente de aquisição de conhecimento dos indivíduos ao longo do seu tempo na empresa júnior, sendo esse conhecimento então aplicado nos projetos realizados para os clientes que, por sua vez, são os responsáveis por grande parte desse aprendizado. 

Assim, os clientes assumem um papel ainda mais relevante quando se trata de uma empresa júnior. Aqui, eles não só atuam como os responsáveis pelo crescimento da organização, mas também por apresentar um problema a ser solucionado.  Afinal, de acordo com um levantamento exclusivo da Revista Você S/A, com base em pesquisas feitas por grandes organizações – entre elas, o FMI -, resolver problemas está entre as 5 soft skills mais importantes para o profissional do futuro. Dessa forma, os clientes incentivam o desenvolvimento de habilidades dos novos profissionais. Enquanto isso, do outro lado, os membros da empresa fazem uso dessas habilidades para desenvolver projetos de excelência, diretamente ligados a um ou mais Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Desse modo, os consultores promovem não somente a satisfação do cliente por um projeto bem-sucedido. Vão além, desenvolvendo soluções de impacto, capazes de transformar vidas.   

Figura IV. 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Fonte: ONU Brasil.

E esses são só alguns pontos. Você deve ter percebido que seria necessário  mais que um artigo para elencar todas as tendências empresariais que estão sendo iniciadas pelo Movimento Empresa Júnior. Para finalizar, destaco mais um ponto que pode parecer negativo e custoso quando se trata de uma empresa tradicional, mas que, nesse ecossistema, funciona de maneira contrária: A rotatividade dos membros dentro da empresa.

Tal como no diagrama das redes de Baran, nas empresas juniores não existe uma única liderança, de forma que toda a empresa seja dependente dela para seu funcionamento, mas sim múltiplas lideranças. Além disso, essas não são permanentes, e sim circunstanciais. 

Essa rotatividade, então, gera impactos positivos na empresa, sendo alguns deles a valorização de novos talentosa geração de novas ideias e o entendimento do poder da colaboratividade.

Reflexão

As empresas juniores se diferem da maioria em termos de inovação porque são compostas, inteiramente, pela próxima geração do mercado. Seus integrantes entendem que soluções antigas não resolvem as questões de um novo mundo, quase que reinventado, digamos, depois de uma pandemia em pleno século XXI. 

Mesmo assim, isso não torna essas pessoas as detentoras de todas as respostas ou de fórmulas mágicas de resolução de problemas. Essas são construídas, pouco a pouco, conforme os clientes apresentam suas dores. É uma relação de ganho mútuo, em que ambos ensinam e aprendem. E é essa dupla que fortalece o Movimento.

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